sábado, 18 de agosto de 2012

Partes desabotoadas

Dessa vez não vou recorrer às suas chantagens
Nem serei palco para sua encenação
Me despirei das velhas roupas
Não quero mais ter a rosa entre as mãos
Dos espinhos já nem falo mais
As tardes ausentes, noites de amor
E depois da calmaria
Nos vestirmos para a dor.

E sempre foi assim
A roda-gigante dos fatos
Nos decompondo
Em presente, futuro, passado.

Mas dessa vez não serei seu percalço
Nem a pedra que insiste em permanecer no caminho
Serei água corrente
Pássaro voando para outro ninho

E sempre foi assim
Essa eterna desacomodação
Deixando um pouco de mim pelos cantos
Trazendo um pouco de ti pelos poros

Mas desajustados seguimos
Em busca de outros amores
Que nos façam subverter velhas cicatrizes,
Costurar algumas rugas,
E recobrar outras partes:

Partes de mim esquecidas
Em cada desamor passado,

Parte de mim desabotoada
Em cada amor não esquecido.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Vazio

Largas tardes de tédio,
Ausentes beijos de amor.

Casa vazia, dias dissonantes,
Céu ausente, cores desbotadas.

Sua meia-calça em minhas roupas
O gosto do seu beijo em minha boca
à distância de suas coxas
Perto do meu vazio.