De pouco em pouco fomos construindo a nossa casa
Trazendo pra dentro tudo o que pudesse nos servir
E que nos fizesse apenas estar:
Um olhar, um abraço ou um sorriso
Pra habitar os espaços e nos preencher de cumplicidade
Para que as mãos pudessem permanecer juntas
E a saudade não vir nos visitar.
Você usava minhas roupas e preparava o café
Enquanto eu saia e só pensava na hora de voltar
Porque em casa eu estava seguro dos abismos do mundo
E das crueldades dos desejos e das necessidades.
Você me falava sobre o seu medo da vida
E do que mais ela poderia lhe trazer e tirar.
Esperava o fim de semana para irmos ao parque
E sob a sombra das árvores lembrar como foi a semana
Deixando o tempo passar.
Eu lhe dedicava poemas e outros desenhos para expressar o que eu sentia.
Você me dava presentes e dizia como tudo estava indo bem.
Eu cuidava das flores e as regava dando cores ao nosso jardim.
Você preparava o jantar e me matava pela boca.
Mas o tempo é pouco quando se ama
E em alguma hora tudo se desata
E desfaz-se o nó.
Outrora alguém dizia para eu ter cuidado
Que a nossa intensidade poderia me machucar.
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