domingo, 28 de novembro de 2010

O amor e os animais

Hoje minhas veias estão abertas:
o filho que não tive
a mulher que não amei
os dias que não houveram
e aqueles que ficaram
feito fagulha no isqueiro
que se acende
ou a luz fraca
que se apaga
e então tudo passa
e vira lembraça

Já estou cansado de me sentir sozinho
acho que preciso de alguem
ou um abraço que me encha
de amor

Pois se os outros animais precisam de um par
então por que eu também não hei de precisar?

Sou um animal na noite escura
com os pés descalços na areia:
enquanto corro eu canto
e enquanto canto eu grito
invento uma saudade
outra mentira
pra esquecer
de que há dias que não vale a pena viver
e que em outros
estar vivo é o melhor que poderia acontecer

Por isso eu canto
pra celebrar o instante
e sentir o pulso pulsar

Se é que realmente pulsa!

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