I
Se levanta e me diz como tem sido a sua vida.
Dos dias tristes e solitários eu já soube,
Conheci-os há tempos.
E embora o tempo pareça curto
Seremos seres insaciáveis pra sempre.
A gente vive buscando conquistas douradas,
o apelo ao trabalho,
a fixação de alguns por dinheiro.
Porém isso não é tudo:
há uma vida para ser vivida lá fora.
Ultimamente tenho andando meio desanimado
Meio inteiro, meio metade.
Me perco em minha inutilidade e tudo em mim parece estar acabado,
Os sonhos do passado transformados em lembranças do presente,
As ideologias de outrora reduzidas ao imaginário.
À sombra do mundo gritei um protesto tímido
Em desacordo com a ordem das coisas já estabelecidas.
A realidade tem sido distorcida
A mídia não te leva a pensar
A indústria lhe quer pra consumir
E o sistema, pra lhe esgotar:
Sóis braços e pernas,
trabalho e consumo.
Não que eu não faça parte do ciclo
Ou que eu sigo por caminhos absurdos,
Mas são as diferenças que nos fazem tomar rumos diferentes.
Pois há tantos caminhos, tantas indecisões
Muitas perguntas para poucas respostas.
Enquanto muitos se desperdiçam
Há os que estão tramando as manhãs.
II
Paro e vejo que a massa é unânime:
não olhe para trás, não faça perguntas, não busque respostas, não queira ser capaz, não tente voar, não tente fugir, não tente gritar, pois as garras que te prendem são tão longas e os ouvidos já estão dopados o bastante para te ouvirem e então tudo será em vão, apenas siga a estrada até quando o corpo agüentar.
Mas sou
E participo dos fatos
Mesmo estando à parte
Do resto do bando.
À sombra do mundo conheci o que é a contramão.
De mãos vazias, corpo delicado e o coração cheio.
Muito bom! Uma das melhores coisas que li nos últimos dias.
ResponderExcluirAbraço!
Da maneira mais simples proclamo:
ResponderExcluirhá uma vida por fazer.