segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Canção de despedida

Poetas suicidas e prostitutas drogadas jogados sobre suas falências patológicas
Diante de um copo de bebida a lhe salvar o dia pois não aprenderam a amar

Durante a noite mais fria viemos doentes colher algumas rosas no limiar das últimas horas
Eu lhe dei o ultimo abraço enquanto a noite adentrava sobre nossos corações vagabundos Diante de um céu sem luar

Talvez solitário por séculos
Tocarei blues sem me redimir dos pecados
Nem assumir o castigo pelos crimes que cometi
Mesmo sem querer matar o que se estava vivo
Ou crucificar a carne em algum monte qualquer
Em um gesto de devoção à eternidade

Sobre meu barco a velas darei velas à imaginação
Por essas marés revoltosas de ressaca sem serem etílicas
Hipocondríacos apenas os sonhos
Pois lembrar é mais fácil que esquecer
Daqueles dias que pareciam não terem fim

Não cantarei as suas tristezas pois quem há de lembrá-las?
Por mais que as tardes foram vazias e os beijos todos crus
A convivência é uma doença contagiosa
Que se aloja sobre o corpo e faz do passado uma vertigem do presente
Feito miragem em deserto

Acenderei uma vela em adoração à sua imagem
Através de portas retratos espalhados pela casa
Em fotografias que outrora tiveram vida
E que agora são resquícios de tempo e saudade

Apesar de tudo, eu quis te trazer na bagagem
Como uma fórmula química ou um analgésico
Que se toma parte para aliviar o peso sobre os ombros
E turva-se diante à satisfação

Não usarei o seu batom
Nem tomarei novamente o seu perfume
Usarei apenas as suas maquiagens pra disfarçar as marcas do dia-a-dia
Como se isso adiantasse alguma coisa ou fizesse de mim alguém melhor

Mas não me preocupo embora pareça
Pois ainda há tempo para sermos eternos

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